Desabafos

quinta-feira, julho 13, 2006

O Último

Sim, esse é meu último texto neste blog. Mas não, não estou deixando o "mundo dos blogueiros".
Para uma boa despedida, os poucos leitores que por aqui transitam mereceriam um bom texto; mas eu não sei escrever. E agora, o que a gente faz?
Agora, eu não sei. Faz cerca de 1 ano e meio que passo por aqui, às vezes com mais, às vezes com menos frequência, mas sempre passo. Mas nunca tive o propósito real de escrever, como me perguntaram há pouco. Até porque, como já disse, não sei. E como o título diz explicitamente, eram apenas desabafos.
Historinhas aqui e ali, de um e de outro, sobre um e outro, mas, principalmente, sobre mim. E cada texto era um parto, acreditem; mesmo os que reproduziam diálogos engraçados e apaixonados, como andei lendo há pouco - já que estou me despedindo, fui passando "página por página", por assim dizer. Mesmo os que falavam de raiva, de conversas de bêbadas, mesmo os que não faziam sentido algum, muitas vezes nem para mim mesma. Ou não.
Foram muitas lembranças - amores, dores, primeiro amor, infância, brincadeiras, conversas surreais e, de novo e principalmente, os desabafos. De todas as formas possíveis e imagináveis.
Agora, entretanto, escontro-me perdida. Completamente. Dizem alguns que é por pouco tempo, mas eu não sei. E quem é que sabe? E, por isso, só falo de coisas tristes - tirando o anjo, que virou arcanjo, que agora é mais que protetor e salvador para todas as horas, que sempre consegue tirar ao menos um sorriso gigante do meu rosto.
E as coisas estão ficando cada vez mais tristes. E por mais que a tristeza caia bem em mim, nem eu aguento mais falar, pensar ou agir assim. Mas está fora do meu controle. E o pouco público que ainda tinha a boa vontade de passar por aqui, foi embora. E tão mais que certos: que baixo-astral essa garota aí, mal-amada, hein?
E é verdade. É assim que me sinto. Mal-amada, vazia, sozinha. Sem ânimo, disposição, energia. Não quero me arrumar e só choro. Sem esquecer que o quesito "sair de casa" se resume a pouquíssimas coisas, a não ser que implique numa fuga.
É, porque sou especialista nisso. A fuga me liberta, me fascina. Leva-me a lugares onde o medo não toma mais conta de mim. Mas isso não vem ao caso agora e, mais uma vez, é uma outra história.
Vou indo. Preciso. Vocês cansaram, eu cansei. Escolhi um outro lugar, com acesso a pouquíssimas pessoas, mas que acho que não será frequentado po ninguém. De qualquer forma, é tudo efeito psicológico.
Escrever num diário, num caderno, numa carta, no word, no bloco de notas ou num blog. É o efeito de que posso, de alguma maneira, estar afetando a vida de alguma pessoa em algum lugar...que alguém pode estar passando e sentindo a mesma coisa e não se sinta tão sozinha como eu estou agora.
E não me refiro apenas ao verbo sentir.
Au revoir.

sexta-feira, julho 07, 2006

De anjo a arcanjo




O que ocorre é o seguinte: ela não consegue parar de chorar desde domingo. Seja tomando banho, escovando os dentes, comendo, trabalhando...hora nenhuma. Menos quando está com ele.

Quando está com ele, nem o céu é o limite, já que ele era anjo e ontem foi promovido a arcanjo - o que gerou uma simpática discussão porque, na verdade, ele já é um arcanjo, e ela contra-argumentou dizendo que ele não podia, na escala de classificação das pessoas normais, já começar como arcanjo; que assim também era demais.

E ele deixou ela falar, como ele sempre faz.

E papo, e papo, e papo. Ele pára e diz que não acredita em coincidências, mas que precisa falar, porque é coisa demais, até pra ele, o arcanjo, absorver. E ele fala e ela fica boba e arregala os olhos e também não acredita.

- É muita coincidência.
- A não ser pelo fato de que eu não acredito em coincidências.

E ela não sabe mais o que dizer, porque não eram besteiras do tipo "eu tava nesse show", ou "adoro essa banda" ou, ainda, "minha comida favorita é purê com carne moída"; e ela se assustou um pouco.

Sim, porque ela o paquerava desde o começo e ele, desde o começo, deixou bem claro que era só um amigo e pronto. E ela tentava não mais deixar transparecer nada, mas, à primeira chance, ploft. Outra queda. E ela acha que, no fundo, ele se diverte com isso. E acha que vão ser bons amigos.

E ela até que está precisando de um bom amigo agora. E ele parece realmente preocupado e disposto a ouví-la a qualquer hora, mas ela tem medo de assustá-lo e afastar mais uma pessoa que a faz tão bem.

Justo a pessoa que, sem saber de absolutamente nada, a impediu de desabar e que é a única capaz de fazê-la parar de chorar hoje, ainda que ele não saiba.

E na falta de um sinônimo que defina o que realmente aconteceu/acontece entre a vida dos dois, ela prefere não falar mais sobre isso, mas, no fundo, acha isso uma coisa rara, única e, assim como a primeira vez em que eles se viram, uma coisa difícil de se encontrar.

E só espera que ele perceba isso também.



Deixe-me ir.

E depois de 5 noite sem conseguir dormir nada, eu finalmente consigo a proeza de dormir (aeeeeee)por duas horas consecutivas.

Só que acontece coisa ruim, porque nessas duas horas você não me deixa em paz e fala tudo, mas tudo aquilo mesmo que eu gostaria e estou precisando ouvir.

E você se aproxima e me olha daquele jeito jeito em que eu me perco entre sua boca e seus olhos e desejo nao acordar nunca mais desse sonho. E você tem a cara de pau de dizer, minutos antes do meu vôo partir, que me ama, que nunca amou ninguém como a mim e que acha, sinceramente, que isso nunca mais aconteça.

Eu olho no fundo dos seu olhos castanhos com pontos esverdeados e digo que eu tenho certeza disso tudo, mas que ele deixou passar a hora de dizer isso e que agora, ele era apenas uma lembrança; melhor dizendo, ele era apenas uma pessoa que conheci e de quem, um dia, já fui muito próxima, mas que pelos acontecimentos naturais da vida, acabamos nos separando.

E fui. Sem olha pra trás. Com o coração em pedaços.

Pra nunca mais voltar.

sexta-feira, junho 16, 2006


Reconstruindo cirurgicamente o sex appeal

Se você ainda não assiste Grey's Anatomy te dou um conselho: Corra pra frente da TV às 5ªs feiras!!

Eu odeio qualquer tipo de seriados passado em hospitais. Não sei se pq odeio a alcunha de "Doutor" que vários médicos se vangloriam sem nunca ter feito sequer um mestrado, quanto mais um doutorado. Ou quem sabe porque eu ache que é muito fácil escrever uma série onde se pode utilizar todo tipo de drama num ambiente como o hospital.

Nunca gostei de E.R., acho a trama insossa, os personagens idem e extremamente superficial. Comecei a assistir Grey's Anatomy sem querer, tinha gravado depois de Desperate Housewives, e como estava com insônia... porque não?

Depois de fisgado, completamente, pelo drama de Meredith, a protagonista, e o McDream (o saudoso pivete Patrick Dempsey das comédias adolescentes de minha infância). Eu até gosto da Addison, juro. Assim como adoro todo o elenco de apoio e sou fã confesso da Dra. Bailey!

Mas esse post não é pra falar sobre Grey's Anatomy e convencê-lo a assistir (até é, mas nem tanto), mas sobre o George O'Malley. Aquele menino bom, puro de coração, que tenta fazer o certo e esperar que a mocinha se apaixone por ele por ter tantas qualidades sem ter a cara de safado e o olhar de "vou comê-la agora". Esse mesmo, que parece ter um LOOSER tatuado na testa.

George é o tipo de cara que toda mãe queria ter como genro, mas infelizmente não é o que todo tipo de garota iria querer como namorado. Talvez como marido, mas pra isso teria que "sofrer" muito nas mãos dos arrasadores de coração de lábia fulgás.O problema é que eu sou um George O'Malley!! Eu sou o cara que só se fode, mas que faz tudo pra ser o melhor, como se atitudes importassem mais do que sex appeal. De que se preocupa com os outros, tenta agradar o ser amado, elogia, e tenta que a pessoa perceba que me preocupo e me importo com ela. Porque foi o que me ensinaram sobre amor!

Post devidamente creditado para JB, que assim como eu tb é um O'Malley!

segunda-feira, junho 12, 2006

Dia dos Namorados

No dia dos Namorados, os namorados se lembrarão, forçosamente, de que são namorados. De que, de certa forma, pertencem a alguém e estão de compromisso firmado com uma pessoa. Porém, essa lembrança, que costuma ser muito doce em vários momentos – naqueles dias, por exemplo, em que você chega em casa e sente uma flor brotar no seu coração, só porque você ama o seu namorado – torna-se uma incomoda obrigação.

Você vai pensar em comprar uma jóia cara. Talvez, uma roupa bonita e cara. Talvez, um relógio. Caro. Um buquê de rosas maravilhosas! Caras, pois bonitas demais para serem vendidas por um preço baixo. Você vai vagar pelas passarelas iluminadas de algum shopping, porque você precisa comprar um presente para o seu namorado, mesmo que seja barato. Esse não é o ponto. O problema é que você não vai se lembrar do seu namorado como um marinheiro tetraplégico se lembra do mar.

O Dia dos Namorados, grafado com letras maiúsculas, é como uma flecha que atinge diretamente o Inconsciente. Juntamente com outras datas não menos odiosas (Dia dos Pais, das Mães, das Crianças...), formam uma quadrilha perturbadora do verdadeiro sentido de amar alguém.

Tenho comigo que o verdadeiro Paraíso Perdido se encontra no nosso Inconsciente. Lá é que moram as delícias da vida. Se existe um lugar onde se pode encontrar Deus, esse lugar é o Inconsciente. As religiões, é claro, aperceberam-se disso há muito tempo e trataram de cercá-lo com todos os pecados possíveis e imagináveis.

Enquanto escrevo esse texto, vem-me a mente os desastrosos Dias dos – argh! – Namorados que passei com as minhas – ufa! – ex-namoradas. Minha cara de Kevin Spacey em Beleza Americana, porque meus amigos enchiam a cara até de madrugada em algum bar da cidade, enquanto eu me juntava a uma tropa de outros – urgh! - namorados, em algum – irc! - restaurante da cidade... Cotovelo na mesa, segurando o queixo, eu pensava coisas que meu Inconsciente me fez a gentileza de bloquear, mas que não iam muito além do que eu escrevo agora.

Portanto, nesse Dia dos Namorados, proponho um boicote geral! Os namorados devem juntar-se aos camaradas e beber até de manha, até as nove da manhã – não! Até às onze da manhã, quando já é perto da hora do almoço. As namoradas, que não vão ligar para os namorados no meio da madrugada, devem se reunir na casa de alguma amiga e encher a cara até não poderem mais, até de manha, as que bebem, claro, e as que não bebem, não sei, não entendo muito de mulher.

Assim, quando a noite esfriar, qual uma lâmina de ferro recém-saida da forja; alguma hora da madrugada, com mais intensidade do que em qualquer outro dia, ambos vão colocar os cotovelos sobre a mesa, segurar o queixo como eu fazia, dar um suspiro bem profundo e amar, desesperadamente, os namorados que possuem no dia dos namorados.

[texto gentilmente cedido por Artur Malheiros]

sábado, junho 10, 2006

Positivo


O resultado, ao final, foi positivo. Rever, reencontrar pessoas queridas é sempre muito bom, afinal de contas.

O que mais me tocou?

O jantar. Naquele jantar, seis amigas de infância ao redor da mesa, uma criança linda de dois anos, mais espertas do que todas nós juntas quando tínhamos a sua idade.

Os assuntos? Os mais variados possíveis. Basicamente, estipulamos uma ordem, começando pela nossa anfitriã, e tentamos deixar as outras cinco a par do que aconteceu em nossas vidas nos últimos 10 anos. Ou seja, missão impossível.

Acabamos caindo no lugar-comum que um grupo de mulheres sempre cai: relacionamentos e afins.

Foi aí que eu percebi a beleza que aquele encontro nos proporcionou e que, certamente, não passou pela cabeça de nenhuma de nós ao marcá-lo: a inocência e a pureza que possuem os laços formados em nossa infância.

Eu, em especial, não via nem tinha contato com três das cinco ali presentes há 10 e mesmo assim estava ali, tão à vontade quanto alguém pode estar, falando, contando, confidenciando detalhes da minha vida para pessoas que não fazem mais parte dela e que, diriam alguns, são completa ou quase que completamente estranhas a mim hoje.

E eu me senti bem e confortável e segura e protegida. Senti-me em casa, finalmente. Senti um alívio tomar conta de mim por saber que não estou realmente sozinha.

E que tenho, sim, amigos de verdade.

quinta-feira, junho 08, 2006

Resposta ao teu texto

ESPETACULAR!

Conseguiste me fazer rir do assunto que mais me aflige no momento, tuzinho.

Será o 1º Dia dos Namorados (tal qual escreveste) em 9 anos, que estarei sozinha.

E não digo sozinha porque não estou namorando, nem de rolo, nem de paquera, nem de nada.

Digo sozinha porque é assim que me sinto nos últimos meses...Uns seis. Completa e unicamente sozinha.

E ninguém agüenta mais que eu fale sobre isso...

Por isso ando escrevendo tanto (ninguém pode me impedir e se achar ruim, não leia) e viajando idem (conhecer pessoas novas que nada sabem da minha vida e que, se eu quiser, posso até deixar descobrirem alguma coisa e elas não vão se cansar... ou até vão, mas aí já terá feito muito tempo e provavelmente eu não vou mais querer falar sobre mais nada disso de novo).

Ninguém mesmo.

Quem agüentava, e eu acho que era por puro sentimento de culpa, era meu ex. Eu sempre corria pra ele, confesso. E ele sempre me ouvia e me deixava chorar rios e me acalmava e ficava tudo bem de novo dentro de mim; mas ele também está namorando e agora é hora de eu cair fora.

Ou seja, voltei à estaca zero. Eu, meus textos, viagens promocionais e minha solidão. Meu conforto, minha amiga

.E só.

segunda-feira, junho 05, 2006

Tem recado?

- Ei...tô com vontade de ligar pra ele.
- Liga.
- Porra, essa era a hora de tu me dizer "deixa de ser retardada, me dá esse celular" ou coisa do tipo!
- Faz o que tu queres, eu não vou te impedir nunca, de nada.

Deu no que deu. Peguei o tal do celular e liguei.

Tuuuuuuu...
Tuuuuuuu...
Tuuuuuuu...

- Alô?
- XOXOXO? É a C.B.
- Eu sei que é você, C.B.
- Hum. Tá no trabalho?
- Tô.
- Pode falar?
- Posso. Que foi?
- Tô precisando conversar com você.
- Tu vai pro aniversário da Paloma?
- Não.
- Por que não?
- Não tô bem.
- hum. Fazer assim:assim que eu chegar em casa, te ligo e a gente vê como faz tá?
- Tá.

As horas passaram, o choro veio naturalmente, sem conversa nenhuma. O silêncio no quarto, o vazio no estômago; a vontade de ligar de novo, mas seu orgulho já tinha chegado ao limite naquele dia. Foi dormir engasgada, sem desabafar com seu melhor amigo. Foi dormir sozinha. Não, minto. Dormiu ela e a solidão.

Entendeu o recado, finalmente. Será que havia um recado, ao final das contas? Homens são tão burros pra certas coisas...nunca se sabe. De qualquer forma, melhor deixar como está.

A mensagem que ele vem passando é: AFASTE-SE, NÃO SE APROXIME, FIQUE LONGE DE MIM.

Ou ainda "você está incomodando, sendo incoveniente"; "eu sei que disse que sou seu melhor amigo, mas não me diga que você realmente acreditou, depois disso tudo?"; "eu não aguento mais ouvir você chorando e se lamentando e maldizendo todas as mesmas coisas de todos os dias".

Ela sabe como é. Nem ela aguenta. E ela sabe que o peso e o fardo é enorme, e ela tenta tirar de você toda essa responsabilidade, mas ao final, é só com você que ela conta. Não vou mentir que você é, sempre, a primeira pessoa em que ela pensa quando algo acontece.

Como hoje de manhã, quando comprou o som.